sábado, 7 de março de 2009

Quem dera se eu pudesse ainda crer,

Quem dera se eu pudesse ainda crer,
Que existe alguma chance de vitória,
Porém a minha estrada merencória
Eu vejo; dia-a-dia, esmorecer.

Agradecendo cada amanhecer,
Eu sei que a minha luta é vã e inglória.
Pudesse refazer a velha história,
Mas sinto uma esperança fenecer.

Fui homem, tive sonhos, hoje o nada
Rosnando em meus umbrais, tomando a cena,
Nem mesmo a fantasia me serena,

Meu corpo, pouco a pouco se degrada,
A morte quando bate à minha porta,
Encontra esta esperança, ausente... Morta!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Perdoe se me ausento. É necessário.

Perdoe se me ausento. É necessário.
O tempo é o Senhor, pois absoluto,
Se der a cara à tapa inda reluto,
O lobo tem destino sanguinário.

Debilitado estou, porém eu luto,
Correndo contra mim, o calendário,
Escondo os meus anseios num armário,
Aguardo o meu descanso, estendo o luto.

A morte se aproxima devagar,
Apodrecendo aos poucos, sem confetes,
Quisera controlar tal diabetes,

Quem sabe, noutra estância repousar...
Deixando mansamente a minha vida,
Preparo a cada dia, a despedida...

Ao ver estéril Sara, quis Abrão

Ao ver estéril Sara, quis Abrão
Deitar-se com Agar, deles escrava,
Que momentos após perde a noção,
E a Sara, depois disso maltratava.

A resposta não tarda mais chegar,
Um anjo traz à tona a lucidez
Pedindo que retorne então Agar,
Comunicando assim a gravidez

Javé ouvira as preces e os lamentos
Daquela fugitiva arrependida,
Cumprindo os mais divinos sacramentos
Da serva ressurgindo a santa vida

Chamando de Ismael o filho amado,
Do Pai escuta Agar, o Seu recado...

GENESIS 16

Não posso me calar perante a dor

Não posso me calar perante a dor
Causada num irmão pela injustiça
Minha alma não será jamais omissa,
Pois tenho no Meu Pai, o Salvador

A prece quando é feita num louvor
Enfrenta com certeza esta cobiça
Enquanto a flor mais bela nasce e viça
Serei de Ti, Senhor, adorador;

E tenho enfim certeza da vitória
Que mostrará deveras toda a glória,
Ungida em perfeição pela palavra.

Apenas tão somente um simples servo,
Na fé que sempre trago e que conservo
E o coração campônio aduba e lavra...

Se eu trago bem mais firmes minhas mãos

Se eu trago bem mais firmes minhas mãos
Eu agradeço ao Pai que é libertário
Por mais que o mundo seja temerário
Os dias não serão; por certo vãos.

Caminho entre os penhascos e os penedos,
Sabendo ser meu passo mais audaz,
Pois tendo em Ti, Bendito, imensa paz,
Concebo da existência, os seus segredos.

Erguendo o meu olhar ao infinito,
Percebo quanto o mundo é tão bonito,
Presente deste Deus perfeito e Santo.

Mas quando vejo os homens com tal fúria,
Dilapidando os bens, suprema incúria,
Resisto bravamente ao desencanto...

Mistérios desvendados, oferendas

Mistérios desvendados, oferendas
Que fazem florescer no roseiral
A rosa mais perfeita e magistral,
Cevada pelas glórias que desvendas,

Podendo ver sublimes, áureas sendas,
Ao diferenciar o bem do mal,
Nas entrelinhas sinto o triunfal
Sorriso que aplacando estas contendas,

Um dia reinará por sobre a Terra,
E enquanto esta beleza, o olhar descerra,
Eu posso adivinhar a placidez,

Num templo onde a fantástica harmonia
Derrame a soberana poesia
Cambiando o desvario em sensatez...

Tu és a paz que tanto desejara

Tu és a paz que tanto desejara
Um coração deveras sofredor,
Calando num momento a insana dor,
Decifro em ti a jóia bela e rara...

Enquanto uma tristeza desampara,
Encontro nos teus braços o calor
Que tanto procurei e num louvor
O quanto bem te quero, alma declara.

Num templo que se erige ao Deus supremo,
Ao lado deste encanto nada temo,
E sinto bem mais forte cada passo,

Assim eu poderei sorrir, enfim,
Vivendo a plenitude que há em mim,
No altar que a cada verso teu eu traço

Abrão tendo por Deus, obediência

Abrão tendo por Deus, obediência
Fazendo com Javé uma aliança
Que toca o coração com esperança
Traz da fecundidade, a consciência.

Sonhando com seu filho prometido,
Agora se chamando, pois de Abraão,
Tendo em Isaac enfim a concepção
Gerado após o tempo estar vencido,

A Sara, Javé deu fecundidade
Apesar de avançada a sua idade
E as bênçãos a Ismael também legou.

Cumprindo desde então Sua promessa,
A glória de seu povo assim começa
No sêmen que em velho útero brotou...

GENESIS 17

Três anjos para Abraão anunciados,

Três anjos para Abraão anunciados,
Vislumbrando Sodoma no horizonte,
Sabendo ali terrível e imensa fonte
De tanta iniqüidade em mil pecados,

Se houvesse pelo menos alguns pios
E justos com suprema galhardia,
Javé então jamais destruiria,
Porém os corações eram vazios.

Por mais que Abraão ao Pai intercedesse,
A mão do Justiceiro ouvindo a prece
Promete a piedade, se possível.

Mandando para lá anjos divinos,
Que levam nos seus olhos os destinos.
Guiados pelo Pai bom e infalível...

GENESIS 18

Somente um trovador, um menestrel

Somente um trovador, um menestrel
Que tenta com palavras declarar
O encanto tão sobejo do luar
Que reina, soberano em claro céu.

Olhando para estrelas, sigo ao léu,
Buscando a fantasia derramar
Num sonho esmeraldino lapidar,
Cumprindo tão somente o meu papel,

Lavrando a cada dia, usando os versos
Que possam traduzir meus universos
Eterno sonhador, vê no horizonte

Os traços que tu deixas ao partir,
Arquitetando em paz o meu porvir
Numa aurífera, bela e intensa fonte...

Os anjos enviados por Javé

Os anjos enviados por Javé
Para Sodoma, terra de pecados
Chegando a Ló, um puro homem de fé
Tão logo para outrem; anunciados.

Quiseram sodomitas relações,
Causando aos pobres anjos tal pavor,
No fogo de terríveis explosões
Pesando firme a mão do Vingador,

Poupando tão somente o pio Ló,
Transformando a cidade em simples pó,
Ceifada por total iniqüidade,

Apenas a mulher de Ló, venal,
Destruída em estatua feita em sal
Pagando por seu mal: curiosidade...

GENESIS 19 PRIMEIRA PARTE

Saindo de Sodoma, o puro Ló

Saindo de Sodoma, o puro Ló
Esconde-se em cavernas com as filhas
Depois de percorrer diversas trilhas
Estando abandonado, velho e só.

Desejos aflorando então nas duas,
Embriagando o pai, um ancião,
Tendo ali com ele, relação
Entregam-se à luxúria e anseios; nuas.

E grávidas no incesto consumado,
Gerando então Moab e Ben-Ami
Os filhos do prazer desabalado;

Pois Ló não percebendo este artifício,
Dos netos-filhos, feitos desde ali,
A geração moabita tem início...


GENESIS 19 SEGUNDA PARTE

O coração sabujo busca os rastros

O coração sabujo busca os rastros
Navega pelos ermos de teus mares,
Sagrando a fantasias nos altares
Vagando no infinito, imensos astros,

Embarcação sem lastros; vou a pique,
Entregue aos formidáveis temporais,
Não tendo ou mesmo crendo que há um cais
Inundação explode o antigo dique

Fadando à solidão, quem tanto quis,
Poder ser simplesmente mais feliz,
Galgando etéreos sonhos fascinantes.

Porém se estás comigo, a fortaleza
Ressurgindo com laivos de nobreza
Promete alvoreceres radiantes...

Não posso mais lutar contra a corrente,

Não posso mais lutar contra a corrente,
E deixo-me levar até a foz,
Eu sei que uma ilusão se faz algoz,
Por mais que ser feliz, a gente tente...

Queria me envolver completamente,
E me entregar ao sonho que há em nós,
Porém ao perceber o nada após,
Sonego o intenso sol, queimando, ardente.

Não tendo mais defesas, sigo só,
Sabendo desta estrada o mesmo pó
Aonde tantas vezes me perdi.

Por mais que a noite trague em sonho, o riso,
Quem nunca conheceu o Paraíso
Reage desta forma, como agi.

Embalam-me teus versos; melodia

Embalam-me teus versos; melodia
Assaz maravilhosa que ora escuto,
Embora eu te pareça, às vezes bruto,
Tua palavra trama a calmaria.

Metáfora que esculpes, sonhos cria,
Não deixo de querer nem um minuto
E em plácido recanto eu me transmuto,
E chego mesmo à beira da euforia...

Utópica paisagem? Não mais creio,
Percorro desde sempre o raro veio,
Nas margens percorridas, flóreas sendas;

Destilas farta luz na qual me guio,
Deixando no passado o ressabio,
Seguindo ao Paraíso que desvendas...

Desejo-te deveras, não duvide,

Desejo-te deveras, não duvide,
E mesmo quando ausentas, eu te sinto,
O que julgaras longe, mesmo extinto,
Agora sobre nós, divino incide.

Assíduas fantasias que povoam
O coração artífice dos sonhos,
Os dias poderiam ser risonhos,
Por mais que as alegrias na alma doam.

Acendo a luz no túnel quando eu ouço
O teu convite à festa que ora anseio,
Legando ao torpe olvido, um vão receio

De ter como uma herança, o calabouço,
Calando bem mais forte esta certeza,
Exponho o sentimento em farta mesa...

Teu corpo é minha casa, uma morada

Teu corpo é minha casa, uma morada
Sem conceber fronteiras nem divisas,
As mãos que acariciam tão precisas
Avançam sem limites, cada estrada.

É nele que aportando em louca estada,
Adentro com vontades mais concisas,
E quando num regalo, pedes, bisas,
A sorte dá fantástica cartada

Tu és ancoradouro, cais e porto,
Aonde em plenitude eu me conforto,
Num ato de vigor transcendental.

Conheço até de cor cada caminho,
E quando nos teus braços eu me aninho
Refaço este soberbo ritual...

Voluptuosos olhos te devoram,

Voluptuosos olhos te devoram,
Percorrem o teu corpo mansamente,
Paisagens divinais, eles decoram,
Guardando cada ponto em minha mente.

Desejos indomáveis já se arvoram,
No intenso vendaval que se pressente
Fotografando tudo, se demoram
Bebendo da beleza transparente...

Aumenta neste ardor, temperatura,
Incendiando o quarto em tal quentura,
Numa avassaladora sensação

Até que na avalanche, uma vertigem,
Intensa fantasia desde a origem
Condenada à fantástica explosão..

Esteio de meus sonhos, sentimentos,

Esteio de meus sonhos, sentimentos,
Tu és a cristalina redenção,
Outrora condenado à rejeição
Em ti fartos fascínios; sei aos centos.

Tocada pela força destes ventos,
Desliza em pleno mar a embarcação,
Buscando no teu porto, atracação,
Impetuosamente e sem alentos

Já não suporto mais o lento passo,
Imprimo com vigor, velocidade,
Sabendo que há em ti felicidade,

Bem mais que pensei; simples andaço.
Enquanto nos teus pés eu me embaraço,
Caindo nos teus braços: claridade!

Já não farei- quem sabe? – outro soneto,

Já não farei- quem sabe? – outro soneto,
Tampouco a poesia inda me embala
Olhando o meu retrato, a voz se cala
E ao fim do precipício, eu me arremeto.

Não quero mais fazer parte do gueto
Aonde a fantasia teima e fala,
Arranco o meu retrato desta sala,
E o fim deste palhaço, eu te prometo.

A carga é bem pesada e sem bornal,
Não posso mais teimar num ritual
Que nada diz, somente expõe o vago.

O gosto amanhecido deste pão
Que agora percebi, foi sempre vão,
E estúpido, comigo, ainda trago...

O verso sendo inútil; morra a esmo,

O verso sendo inútil; morra a esmo,
É tempo que se joga da janela,
O beijo do fantasma em que se atrela
O sonho, na verdade é sempre o mesmo.

Cismando pelas ruas; bebo o vento
Vomito fantasia e volto só,
Amarga a vida imita esse jiló
A melhor tradução do sentimento,

Não quero esta palavra tão soturna,
Se a minha inspiração sempre é diurna
De que me vale o bar e as aguardentes,

Aguardo o meu final, apenas isso,
E o esquecimento é tudo o que cobiço
Trazendo a velha faca entre meus dentes...

Sou velho e carcomido pelo tempo,

Sou velho e carcomido pelo tempo,
Beirando ao romantismo sem propósito.
De tudo o que tentei; meu passatempo
É guardar os vazios num depósito

Aonde a explicação por si já basta,
Gerenciando a dor nada me acalma,
E quando da verdade a alma se afasta,
Já não reconheci; da mão, a palma.

Milito, socialista, neste imbróglio
Sarnento presidente do Senado,
E antigo Collorido renovado,

Assim abrindo a porta do escritório
Eu prefiro o mictório da esperança
Aonde quem espera, sempre cansa...

Se a túnica rasgada expõe nudez

Se a túnica rasgada expõe nudez
Não peco por saber que nada vale,
Bem antes que a palavra em vão se cale
O quanto foi bem feito se desfez.

Vou vendendo de acordo com freguês,
Mesmo que uma mentira sempre embale,
Não quero uma verdade que inda empale
Prefiro, por preguiça, a placidez.

Agricultor teimoso, perco os grãos
E sei que os versos foram todos vãos,
Mas quero ver quem sabe, noutro dia,

Ainda resistindo bravamente,
Nascer de cada ser, freqüentemente
O belo e farto sol da poesia...

Com uma lupa busco a liberdade,

Com uma lupa busco a liberdade,
Mas macabras figuras aparecem,
Enquanto fantasias já se tecem
O túnel se escondeu sem claridade.

Mecânica palavra diz verdade,
Nem versos só reveses que me engessem,
E mesmo que as lembranças não regressem
O barco se perdeu, sem qualidade.

Deidade disfarçada em falsa cena,
Não quero mais genérico, tampouco
Desfilo este fantasma, pois é pouco

O quanto se fez tanto, a dor empena.
Milagre avinagrado azeda tudo,
Porém como imbecil, também ajudo...

Pecado inominável é o aborto,

Pecado inominável é o aborto,
Devemos, implacáveis, condená-lo,
Perante tal verdade, eu já me calo,
Porém num pensamento torpe e torto

A vida deve ser, pois preservada,
Para quem age assim, a penitência
Levada à derradeira conseqüência,
Mesmo que sobre ao fim, apenas nada.

Melhor morrer o corpo em salvação,
Ao arcebispo cabe a excomunhão,
Arrancando da Terra, sem um rastro.

Excomungando assim tais assassinos,
A Igreja pune todos os ladinos,
Porém não fala nada do padrasto...

As almas se procuram e se tocam,

As almas se procuram e se tocam,
Enroscam-se desejos, coxas, pernas,
As horas que passamos; calmas, ternas,
Rios que noutros rios desembocam.

As doces fantasias se deslocam
E buscam soluções reais e eternas,
Vagando noite afora, com lanternas
Que o gozo prometido tanto focam

Sagacidade expressa no delírio,
O corpo ali desnudo é um colírio
E o tempo vai passando devagar.

Pudesse congelá-lo e então teria
Perpetuado o fogo em ardentia
Que extasiado sinto nos queimar...

O quase ainda manda nos meus dias

O quase ainda manda nos meus dias
Quase poeta, quase um trovador,
Quasimodo perdido em plena dor
Quaresmas, lobisomens, fantasias.

Quarando no quintal as alegrias,
Quadrados inexatos a compor,
Qualitativamente sem fulgor,
Quarto crescente mata poesias.

O quanto diz do tanto que não trago,
Na quântica ilusão de um mero afago
Esquartejado, sigo ainda em pé,

Quartéis abandonados, sem defesa,
Esquadros desenhando esta incerteza
Quando restar ao menos sonho e fé...

Quisera inutilmente perceber

Quisera inutilmente perceber
Que ainda poderia crer no rumo
Mesmo tão desairoso. Assim assumo
Os riscos inerentes do prazer.

Pagando novamente para crer,
Da fruta mais azeda tomo o sumo,
O gozo deste bem feito em consumo
Aguarda a curva inóspita do ser.

Ser mais ou ser tão pouco quem me dera,
Sertão anunciando a primavera,
Quem sabe finalmente, ser feliz

Metendo o meu bedelho em todo canto,
Agora só me restam dor e pranto
Sabendo que quebrei o meu nariz...

Cumprindo a profecia que um oráculo

Cumprindo a profecia que um oráculo
Há tempos proferiu como um enigma,
A sorte deslindando o seu tentáculo,
Marcando o nosso sonho em duro estigma.

Primando por saber ser oprimido,
Não vendo nem desvendo esta ilusão,
Entre os meus pesadelos comprimido,
O que restou de tudo? Nem o chão.

Pereço ao mesmo tempo em que renasço,
Morrendo nos teus braços, ressuscito,
E mesmo que pareça tão escasso,
O que inda sobra aqui é tão bonito.

Se eu fosse pelo menos um resquício,
Não buscaria sempre o precipício...

Não que eu defenda o aborto, longe disso,

Não que eu defenda o aborto, longe disso,
Mas não suporto tal hipocrisia,
Médico tem com vida compromisso
Pois isso jamais foi alegoria.

Não serei puritano, ou tão castiço,
Apenas a verdade é quem me guia.
Não creio em bruxarias nem feitiço,
Tampouco a alguém minha alma julgaria.

O fato é que milhares de mulheres
Morrendo no país da sacanagem
Em meio à corrupção de seus poderes,
À descabida luz da pilantragem,

As filhas de papai vão para as clínicas,
E as pobres sem guarida... Corjas cínicas!

O antigo traficante arrependido,

O antigo traficante arrependido,
Agora vem posando de bom moço,
Depois de mergulhar num fundo poço,
Recomeçando a vida, decidido.

Não posso duvidar e nem duvido,
Apenas neste angu vejo caroço,
São Tomé, neste caso, eu sempre endosso,
Porém eu sei que nada está perdido...

Não quero jogar pedras em ninguém,
Para todos eu vejo salvação,
Quando o arrependimento afinal; vem...

Até em extraterrestres sim, eu creio
Gladiador devorando o leão...
Mas político santo? Não há meio...

Sem ter amarras, solto enfim meu barco

Sem ter amarras, solto enfim meu barco
Adentro os mais recônditos recantos,
Seguindo o rastro feito em teus encantos
Cupido entesa enfim, o seu firme arco.

Atraco-me nos Céus quando eu abarco
Teu corpo com meus sonhos, frágeis mantos,
Passando a perceber suaves cantos,
No todo que pensara ser tão parco.

Ludibriando a dor e a solidão,
Usando da esperança/embarcação
Desvendo os teus sinais e te traduzo.

Hieróglifos diversos construídos,
Desabam ao ouvir nossos gemidos;
Ato divinamente tão confuso...

Não quero a calmaria dos enganos,

Não quero a calmaria dos enganos,
Somente uma verdade me liberta,
Enquanto a poesia já deserta
Não tenho compromisso, nego os planos

Jamais quero tampar com frágeis panos
A realidade amarga, a vida incerta,
Palavra mais certeira me desperta
E mostra o quão são torpes os humanos.

Bebendo cada gota deste sangue
Apodrecido imerso em lodo e mangue,
No esgoto, ratoeiras são inúteis.

A porca carcomida tão pesada,
Na morte a cada página estampada,
Retratam quanto somos todos fúteis...

Não sou ateu, porém muito ao contrário,

Não sou ateu, porém muito ao contrário,
Neste cristianismo radical,
Entendo ser o Pai e o Filho, o sal
Que enfrenta em placidez um adversário.

No canto engalanado de um canário,
Ao acasalamento sensual,
Presença da beleza divinal,
Que não se esconde nunca num armário.

Na mão insaciada a clave forte,
No perdão, na justiça o firme Norte
O imensurável gozo de um afeto,

Fecundidade expressa na amizade,
Igualitária irmã da liberdade,
Cada filho, decerto é o predileto...

Não boto mais a mão numa cumbuca

Não boto mais a mão numa cumbuca
Mesmo que esteja cheia, pois surpresa
Fazendo do imbecil, a caça e a presa,
Quem sabe o quanto dói jamais cutuca.

Sentindo um arrepio pela nuca,
A moça pensa logo em safadeza,
Porém todo marmanjo que se preza
Sem pressa vai deixando ela maluca.

Bisonhos sofrimentos da novela,
Na face entristecida se revela
Depois dá um trabalho convencer

Que tudo não passou duma ficção,
Garante uma hora e meia de aflição,
Mal paga com segundos de prazer...
MVML

Não sei aonde errei. Quebrei a cara;

Não sei aonde errei. Quebrei a cara;
A dona não se cansa de dizer
Que toda noite espera por prazer,
Que a roupa transparente me escancara.

A jóia que eu pensei fosse mais rara,
Agora só consegue esmorecer
Castelo consumido ao bel-prazer.
Balançando não cai, mas desampara.

Mudando o seu discurso, a moça ingrata,
Usando de metáfora arremata
Jogando o que restara pelo chão.

Após mais uma noite de fiasco,
Eu sei que tento tanto e afinal masco,
Prometeu me levar pro paredão...

Eu sei que é inevitável nosso caso,

Eu sei que é inevitável nosso caso,
Que seja belo assim e enfim perdure,
Do vigilante sonho que nos cure
Até o gran finale, num ocaso.

Não quero mais saber se existe prazo,
Nem mesmo a fantasia que perjure,
A rocha sabe da água que a perfure.
Até se chegar tarde louva atraso.

O vaso não se quebra, pois eterno,
Completamente teu, busco ser terno,
O terno amarrotado, roupas soltas,

Ouvindo este marulho anunciando,
Sereia deseja está chegando
Mesmo que as ondas sejam tão revoltas...

Vagando pelas terras mais distantes,

Vagando pelas terras mais distantes,
Abraão leva consigo a esposa Sara
Até chegar ao reino de Gerara
Aonde eram apenas imigrantes.

Apresentando-a como sua irmã,
Ao rei Abimelec, que a desejara,
Porém Javé jamais o desampara,
Mudando então a sina, antes malsã

Num sonho aparecendo para o rei,
Desfaz esta mentira bem urdida,
Temendo pelo fim de sua vida,

Conforme disse o Pai em sua lei,
Apenas meia-irmã, eis a verdade,
E assim é concedida a liberdade...


GÊNESIS 20

Outrora havia um tolo preconceito

Outrora havia um tolo preconceito
Contra a mulher que é mãe mesmo solteira,
Um fato corriqueiro e agora aceito,
Não sendo mais tão útil tal bandeira.

Ministro da Saúde, candidato
À presidência, estúpido e venal,
Querendo demonstrar ser desacato
A gravidez da artista, até boçal,

Ouvindo uma verdade por resposta,
“Eu tenho grana para sustentar!
Saúde no Brasil anda uma bosta,
Melhor é pôr as coisas no lugar.”

Ao rei do ministério, cabra macho,
Restou somente a cara feita em tacho...

Verdade dá sopapo em minha cara.

Verdade dá sopapo em minha cara.
Eu tento me iludir com poesias,
Mas vejo ao fim do túnel agonias
Enquanto a face amarga se escancara.

Ouvindo a tua voz gritando: pára!
Terríveis desenganos; concebias,
Meu sonho nunca foi mercadoria
Sequer sei a medida nem a tara.

Macacos que me mordam: desdentados,
No vácuo meus degredos alentados
Por frases sem sentido e sentimento.

Servida num banquete, na bandeja,
Cabeça sabe tudo o que deseja,
Importa se existiu tempesta ou vento?

Já não me reconheço nem tampouco

Já não me reconheço nem tampouco
Procuro algum sinal que me permita
Saber se na aguardente ou na birita
O muito surge às vezes do tão pouco.

Gritar demais só deixa a gente rouco,
A arte, com certeza, a vida imita,
Ouvir besteira é coisa que me irrita,
Cultura nacional? ME DEIXA LOUCO!

Revendo este enlatado mexicano,
Sendo empurrado goela abaixo, vejo
Só resta entrar de novo pelo cano

Usando a fantasia de panaca,
Na fila principal, do gargarejo
Brasil cai no gramado e sai de maca...

Chamaste de romântico até lírico

Chamaste de romântico até lírico
O verso que embuti noutro poema,
Às vezes eu repito o mesmo tema,
Num ato quase métrico ou empírico.

Não bebo e com certeza um bem etílico
Talvez ajude a gente a caminhar,
Parado e sem sair do meu lugar,
Não tenho mais defesa, morro acrílico.

Aliciando os sonhos de quem posso,
O risco de viver é muito grande.
O quase se transforma em fundo poço,
Só pedindo afinal: Tocai a glande.

Assim quem sabe a gente recomeça
Aonde terminou num ato, a peça...
MVML

É cíclico o caminho que perfaço

É cíclico o caminho que perfaço
Num carrossel imenso, a minha vida,
Por vezes me tomando este cansaço
Não dando nem mais crédito ou saída.

Arrasto os meus chinelos quando traço
Circunavegação que não me agrida,
Usando a fantasia por compasso,
No fundo não desejo a despedida.

Mas tenho que ir embora, amanhã
Quem sabe voltarei feito um cometa,
Minha alma é suicida, um talibã

Armando uma tocaia para o Tio,
Embora reconheça esta falseta,
Mergulho há tanto tempo no vazio...

Sucumbo aos teus anseios, deusa insana,

Sucumbo aos teus anseios, deusa insana,
Fartando-me dos gozos que me dás,
Ao fomentar um fogo tão audaz
A mente transtornada não se engana.

Tu segues o destino de cigana,
Porém teu pouco muito satisfaz,
Na fúria da pantera mais voraz
Curare que inundou zarabatana.

O sexo é um pecado ou uma benção?
É necessário ter muita atenção
Se o fato traduziu satisfação

Jamais precisará pejo ou perdão,
Mas quando reproduz desunião,
Desejo se transforma em canastrão...

Moral quatrocentona é um absurdo,

Moral quatrocentona é um absurdo,
Não posso com a podre burguesia,
Tampouco ficarei calado ou surdo,
Enquanto houver somente hipocrisia.

Não quero ser nem turco ou mesmo curdo,
Julgando esta moral bijuteria,
Apenas tão somente daqui urdo
O gozo que perfeito me sacia.

Prazer jamais trará felicidade!
Eu sei da diferença; um mundo harmônico
Nunca se disfarçou em tolo hedônico,

Mas não vejo nenhum mal quando o sexo
É feito com carinho, e sem complexo,
Não posso me calar defronte à grade.

A velha dos Jardins falsa cristã,

A velha dos Jardins falsa cristã,
Erguendo a sua crista dita norma,
Enquanto a sua neta se transforma
Na quenga mais voraz do imenso clã.

A bruxa quis ser puta temporã,
E tenta recompor a antiga forma,
À plástica malfeita já deforma
Esta caricatura amarga e vã.

Ao ver a meninada nas baladas,
Roçando coxas, pernas e algo mais,
No fogo esmorecido, vendavais

Balançam estruturas mal armadas,
E não podendo ter seu cavaleiro,
“transforma o mundo inteiro num puteiro”.

Se às vezes mesmo poucas inda lucro

Se às vezes mesmo poucas inda lucro
Apontando estrelinhas sem verrugas,
Olhando para o espelho crio rugas,
E o coração persiste burro xucro.

Desenho; a cada verso o meu sepulcro,
Sabendo o desencanto em que tu sugas,
Deixando para trás antigas fugas,
Usando da esperança como um fulcro.

Buscando da verdade um grande zoom
Eu sei que por resposta ouço o nenhum,
Que faço se eu deixei pra trás o umbigo?

Os pés no meu passado cimentados,
Ouvindo do futuro os seus recados,
Um velho ultrapassado, já nem ligo...
MVML

Se às vezes mesmo poucas inda lucro

Se às vezes mesmo poucas inda lucro
Apontando estrelinhas sem verrugas,
Olhando para o espelho crio rugas,
E o coração persiste burro xucro.

Desenho; a cada verso o meu sepulcro,
Sabendo o desencanto em que tu sugas,
Deixando para trás antigas fugas,
Usando da esperança como um fulcro.

Buscando da verdade um grande zoom
Eu sei que por resposta ouço o nenhum,
Que faço se eu deixei pra trás o umbigo?

Os pés no meu passado cimentados,
Ouvindo do futuro os seus recados,
Um velho ultrapassado, já nem ligo...
MVML

Bye bye, adeus, so long, já fui,galera;

Bye bye, adeus, so long, já fui,galera;
Não guardo mais as fotos nem recados,
Os quadros esquecidos, pois mofados,
Depois de certo tempo, enfado e espera.

Quem sabe reconhece e até tempera
A vida com desejos malcriados,
Em outras direções, olhos focados,
Desleixo, a solidão, aos poucos gera.

No quarto as bandeirolas, velhas flâmulas
Futuro de fumante diz das cânulas
Traqueotomia à vista, morte a prazo.

Se eu tenho enfim por mim, tanto descaso,
A culpa é deste inferno que hoje piso
Teimando ver após, o Paraíso...

Há gente que não sabe conviver,

Há gente que não sabe conviver,
Respeito eu dou e peço, é meu direito.
Falta de educação é um defeito
Difícil de aturar e dá pra ver,

Pois basta tão somente não me ler,
Mas o diabo andando insatisfeito
Velhusco salafrário, desse jeito,
Parece que não tem o que fazer.

Respeite os teus cabelos já grisalhos,
Dos outros, não desdenhe os seus trabalhos,
Procure um psiquiatra, mas dos bons,

Ou quem sabe console-se nas ostras
Roçando o teu traseiro que tu mostras
Ao demonstrar assim teus toscos dons..

Escassas esperanças, ancas, ócios,

Escassas esperanças, ancas, ócios,
Cansaços entre esparsos sentimentos
Distante dos estúpidos beócios
Já não suportaria mais lamentos,

Sejamos destes sonhos, sempre sócios
Que buscam nos seus pares, os alentos,
Se os dias não teriam luz; remoce-os
Trazendo em tuas mãos os suprimentos.

Escalando o infinito sem receios,
Não quero mais usar velhos rodeios,
Apenas ser só teu e nada além.

Indômito desejo que nos toma,
Multiplicando mais que simples soma,
Divina compleição; ele contém...

Qual rio que deságua em manso mar,

Qual rio que deságua em manso mar,
Depois de ter vencido as correntezas,
Desvendo em nosso caso tais belezas
Que ensinam com destreza a navegar.

Estrelas que não canso de contar
Vislumbro em nosso céu, várias grandezas,
Sabendo desde sempre o que mais prezas,
Surpreso com o eterno renovar.

Momentos delicados numa entrega
Sem dúvidas, nem dívidas, sem medos.
Decifras os recônditos segredos

O vinho mais sublime de uma adega
Brindando ao bem da vida que me dás,
Deixando o sofrimento para trás...

No quanto eu tentaria ser feliz

No quanto eu tentaria ser feliz
O espanto toma conta do cenário,
Vencendo este inimigo temerário
O tempo tantas vezes não me quis.

O céu se demonstrando sempre gris,
Jamais desejaria solitário,
Ausente deste encanto solidário,
O quadro enegrecido sonha giz.

Acuado, não vejo solução,
E perco pouco a pouco a direção,
No pão já bolorento da saudade.

Somando os mesmo zeros, nada tenho,
Assim sei quão inútil meu empenho
Na busca pela fútil liberdade...

Augusta sensação ungindo a vida,

Augusta sensação ungindo a vida,
Percebo esta alegria que me trazes,
Escondo sob a manga vários ases,
Quem sabe vai à luta e não duvida

Da força que se estampa desde as bases,
Calcando o meu rincão, terra batida,
Mandingas e feitiços, tu desfazes,
Preparando talvez, uma saída...

Invejo-te deveras; nunca fui
Aquele a quem a paz se fez constante,
Arrebentando tudo num rompante

O tempo vai aos trancos, já não flui.
Mereço alguma chance? Sei que não.
Preparo a cada dia, um alçapão...

Só quero uma palavra de amizade,

Só quero uma palavra de amizade,
Não posso carregar mais este fardo,
Enquanto a solidão cruel me invade,
A vida desfilando pedra e cardo.

Porém não venha tarde este consolo,
Seguindo sempre às cegas, não mais creio
Que ainda possa ter sequer o colo
Que há tempos necessito e tanto anseio.

Jogando sobre a mesa as mesmas cartas,
A mão que as embaralha esconde o jogo,
De dores, minhas noites andam fartas,
Ninguém escutará, enfim meu rogo?

Ao apagar dos sonhos e das luzes,
Ainda pesam tanto as velhas cruzes...

Se eu me completo em ti por que partir?

Se eu me completo em ti por que partir?
Jamais seguimos rumos paralelos,
Somos, por certo, pares, dois alelos
Numa incessante busca do porvir.

Das almas gemelares; posso ver
Sem sombras, os destinos já traçados,
E assim, seguimos juntos, mesmos Fados
Atados num só sonho, único ser.

Tu conheces de cor, cada vontade
Assim como eu conheço tudo em ti,
Aos poucos, este dom; reconheci.

Por mais que procuremos liberdade
Nós somos mais felizes desta forma,
Sem medos, sem limites regra ou norma...

Usando qualquer forma de linguagem

Usando qualquer forma de linguagem
Expresso a solidão, cruel amiga
Espero que a tristeza não prossiga,
Mas sei que tal espera: uma bobagem...

Teimando em esperanças que me trajem
A luz da realidade desobriga
Quebrando desde então a antiga viga
Vivendo tão somente assim: à margem.

Um dia encontrarei eternidade?
A vida me corrige e, na verdade,
Eu sei que não terei mais que um segundo.

Cadenciando o ritmo dos meus passos,
Os dias percorridos morrem lassos,
E no Vale da Morte me aprofundo...
MVML

Renova-se a esperança de te ver

Renova-se a esperança de te ver
Depois de tanto tempo e desde já
Eu sei que o sol de novo brilhará
Dourando um fascinante amanhecer.

No quanto é necessário ver pra crer,
Decerto o coração sucumbirá
E todo o meu passado voltará
No desfilar sobejo do prazer.

Saudades; vou matar e nisso vivo,
Ressuscitando o sonho mais altivo,
Numa explosão de luzes e de cores.

Na terna maravilha de ser teu,
Encanto que meu sonho concebeu
Seguindo-te por certo aonde fores...

Um dia percebi que sendo arisco

Um dia percebi que sendo arisco
Talvez sobrevivesse aos dissabores,
E quando a fantasia; em vão, confisco,
A sina que se vê: dos perdedores.

A moça disfarçando os seus rubores,
Enquanto tão matreiro, o olhar eu pisco,
Ouvindo mais distante tais rumores
Ao fim da tarde sonho com petisco.

Mas vejo numa espreita estes chacais,
Carnificina à vista após a esquina,
Mente desocupada ora oficina

Um jeito de escapar dos animais,
Olhando de soslaio, então despisto,
Não quero mais ser pego como um Cristo...

Ainda ecoa, ao longe, a tua voz...

Ainda ecoa, ao longe, a tua voz...
Saudade exorbitando qualquer senso,
E quando em teu carinho, amada, penso
Revejo o que existiu de bom em nós.

Só sei que não deixaste nada após,
Este ar que hoje respiro é sempre denso,
Qual rio que se perde de uma foz,
Do quanto fui tão fútil me convenço.

Seria muito bom poder sonhar,
Mas como se só tenho pesadelos,
Quem dera se eu pudesse convertê-los

E ver depois de tudo, clarear
O sol de uma total felicidade
Deixando no passado esta saudade.

Deslizo as minhas mãos em tua pele,

Deslizo as minhas mãos em tua pele,
E encontro a mais perfeita silhueta,
O anseio em plenitude me compele
À esculpida em Carrara, estatueta.

Tu és a prima-dona que eu sonhei
Reinando sobre todos os sentidos
Tua vontade sendo sempre lei
Abrigam meus desejos escondidos.

E quando te decifro, me devoras,
Enigmática deusa feita esfinge
Diante de teu corpo, várias horas,
Minha alma se liberta, ou mesmo finge

Pois tens em teu olhar, magnetismo
Defronte a tal beleza; insano, eu cismo...

Quem sabe a peste; enfim, me deixe em paz,

Quem sabe a peste; enfim, me deixe em paz,
Não tenho paciência, se esgotou,
O esgoto que o suíno chafurdou,
Cheiro característico já traz.

Deixado há tanto tempo para trás
O barco na tempesta soçobrou
De tudo o que pensavas só sobrou
A fala de um estúpido incapaz.

Chacotas pelas ruas. Tenho pena,
Não posso relembrar a mesma cena
Mostrando a tua face de imbecil.

Enfia a tua cara num buraco,
Da gorda silhueta nem um naco
Que sirva para assar; esqueço o grill...

Quisera ter o porte da sequóia


Quisera ter o porte da sequóia
Jamais eu temeria vendavais,
Porém a vida guarda nos bornais
Apenas esta antiga paranóia.

Minha alma perde o peso e ainda bóia,
Tentando perceber se existe cais,
Eu sei que os ventos surgem desiguais,
Não posso fazer disso a minha Tróia.

Mostrando do revólver, a coronha,
Quem bebe fantasia sempre sonha
Depois é que são elas, sim senhor.

Na cabeça do prego? Uma porrada,
Diabinho me diz que foi bem dada,
Porém já não suporto a tua dor...